A Oração que Agrada a Deus

A ORAÇÃO QUE AGRADA A DEUS

Quando perguntamos o que é orar temos a resposta habitual: “orar é falar com Deus”.

Mas orar é muito mais que isso. Orar é estar intimamente ligado a Deus. Eu posso falar para uma parede e não vou receber nada em troca, mas orar é dar e receber. Por isso, a oração é um meio de estarmos em comunhão com Deus, dar-Lhe o louvor que Ele merece, abrir o nosso coração para Ele e receber Dele o Seu amor e ajuda.

A Bíblia diz que muitas vezes não sabemos orar (Rm 8.26). Mas o que está mal na nossa oração? Se orar é estarmos intimamente ligados a Deus, sempre que a ligação não se faz, estamos a orar mal.

Muitas vezes as nossas orações não são atendidas como gostaríamos. A grande questão é que quando não temos o que pedimos é porque não sabemos pedir (Tg 4.3) e isso acontece porque não pedimos segundo a vontade de Deus (1Jo 5.14). Então, se pedirmos segundo a vontade de Deus, e não a nossa, seremos atendidos porque a vontade de Deus está a ser feita. E para que isto aconteça temos de estar em sintonia com Deus.
Quando Deus nos manda orar e diz que vai atender-nos, isso não é uma ilusão. Ele vai responder às nossas orações e atender os nossos pedidos que forem feitos segundo a Sua vontade.

O problema é que muitas vezes procuramos a Deus para resolver os nossos problemas, para atingir os nossos sonhos, mas à nossa maneira. Às vezes, fazemos pedidos egoístas e insistimos em coisas que não são boas para nós (Sl 106.15), e ainda ficamos chateados com a demora de Deus na Sua resposta (Lc 18.4).
Infelizmente, pensamos na oração como um meio mais rápido de alcançar o que queremos. Nós oramos para alcançar bens materiais, para termos felicidade imediata, para livrarmo-nos da dor e dos problemas, mas os nossos desejos devem ser trocados pelos desejos de Deus.

Deus deseja que através da oração e da comunhão mais profunda com Ele, tenhamos uma mudança de valores. É por causa disso que a bondade de Deus não Lhe permite atender a todas as nossas orações. Isso seria tornar-nos em filhos mimados e malcriados.
Mas, às vezes, temos a certeza que estamos a orar certo, não para o nosso benefício, mas com foco em Deus e Ele não responde como seria previsto. Romanos 11.33-34 diz que é impossível entender as decisões de Deus e a Sua forma de agir pois não conhecemos os Seus pensamentos. Por isso temos de estar em comunhão constante com Deus e deixar que seja Ele a mostrar-nos o caminho em vez de sermos nós a tentar decifrar o que Deus quer.

Porque Deus sabe todas as coisas, Ele sabe qual é o melhor caminho para o final que Ele planeou, e acredita que esse caminho é melhor que o teu. Por isso, temos de acreditar que esse caminho trará mais bênção e O glorificará mais, mesmo que isso nos pareça impossível.
 
Então como deve ser a nossa oração?
  • A oração deve ser autêntica (Mt 6.5-6)
Temos de deixar de fingir que somos santinhos e muito espirituais. Por isso Jesus diz para irmos para o nosso quarto, porque é mais fácil ter uma oração autêntica se estivermos sozinhos, só nós e Deus. 
Por vezes quando oramos estamos a pensar em palavras bonitas e frases espirituais (isto acontece principalmente nas orações em grupo), mas Jesus diz que a oração autêntica não é a que tem frases bonitas. Temos de orar com sinceridade, sem palavras que, embora sejam bonitas, não representam nada pois não vêm do coração. 
A oração não deve ser vista como uma obrigação, mas como um privilégio de estarmos em intimidade com Deus.

  • A oração não deve ser feita de repetições impessoais (Mt 6.7)
Temos a tendência de orar dizendo sempre as mesmas frases. Muitas vezes nem pensamos nas palavras que dizemos, parece que entramos no automático e limitamo-nos a debitar palavras. Às vezes até usamos o “em nome de Jesus” várias vezes e de forma enfática como se fosse uma fórmula mágica que levasse Deus a responder às nossas orações.

  • Devemos orar no Espírito (Ju 1.20; Ef 6.18) 
A oração no Espírito é quando entramos em sintonia com Deus para que Ele nos mostre o caminho que devemos seguir. Devíamos experimentar a oração sem grande oratória e por vezes até sem palavras, mas com profunda humildade deixando o Espírito de Deus iluminar-nos o coração. 
Romanos 8.26-27 diz que não sabemos como orar, mas o Espírito Santo intercede por nós, por isso só temos de nos ligar a Ele.

  • A oração pode exigir continuidade (Lc 18.1-8). 
Normalmente só nos envolvemos na oração quando estamos a enfrentar um problema sério e, porque queremos uma solução para ontem, oramos de joelhos, falamos em voz alta, choramos e imploramos a Deus. Oramos mais vezes do que é normal para ver se o problema se resolve. 
Por vezes vemo-nos obrigados, pelas circunstâncias da vida, a orações de luta que levam muito tempo, algumas vezes até, vidas inteiras a orar por um objetivo concreto. Por isso Jesus diz que precisamos de orar sem desanimar. 
Devemos pensar que Deus sabe o que está a fazer. Talvez esta até seja uma oportunidade de Deus trabalhar na nossa vida fazendo-nos crescer Nele, fazendo-nos mais humildes e fazendo-nos perceber que afinal não somos autossuficientes. 
E, quando dependemos totalmente de Deus (2Co 12.9), entramos em verdadeira comunhão com Ele. Então, orar é saber esperar em Deus (Sl 38.15).

  • A oração não deve ser egoísta (Lc 18.11-12)
As nossas orações estão cheias de pronomes pessoais como: “ajuda-me, dá-me, faz-me porque eu, eu, eu, eu…”. Muitas vezes até parece que Deus é o Génio da Lâmpada Mágica a quem podemos pedir os nossos desejos para que sejam realizados.  
Deus é Todo-Poderoso, mas Ele também é o Abba Pai (Rm 8.15). Por isso, quando estamos a orar temos de nos sentar ao colo Dele e saber gozar da Sua presença para depois entrarmos em sintonia com Ele. 
A nossa oração deve ser íntima e pessoal. Mas este Pai, não é o “Pai meu”, mas o “Pai nosso”. Qual é a diferença? Quando entendemos que Deus é nosso, a nossa oração deixa de ser tão egoísta pois não estamos a orar a um pai que me vai satisfazer, mas que nos vai satisfazer.

  • A oração deve santificar o nome de Deus (Mt 6.9) 
Nós fomos criados para glorificar a Deus, por isso é importante louvarmos o nome de Deus, louvá-Lo por aquilo que Ele é e por aquilo que Ele faz em nós. 
Nós não somos nada sem Deus, e por isso Ele merece o nosso louvor.

  • A nossa oração deve ter em conta o Reino de Deus (Mt 6.10) 
Quando chamamos o Reino de Deus, “venha o teu Reino”, os nossos desejos passam a ser os desejos de Deus pois no Reino de Deus quem reina é Ele e não nós. 
Muitas vezes temos orações deste género: “eu quero uma casa melhor”, “eu quero um carro novo”, “eu quero que o meu filho seja o melhor aluno da escola”, etc. Mas a nossa oração deve ser:  “Mostra-me a tua vontade”, “que se faça a Tua vontade”, “se for da Tua vontade”, “no Teu tempo”, etc. 
Então, estamos a ter uma oração que entende Deus como Rei, que procura a Sua vontade para que possa ser também a nossa. As vontades deixam de ser as nossas para passarem a ser as do Seu Reino. 
Temos de orar com a motivação correta. E Jesus garante-nos que se pedirmos coisas boas, ou seja, segundo a vontade Dele, não vamos ter coisas más (Mt 7.7-11).

  • A nossa oração deve ser: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mt 6.11) 
A nossa oração não deve estar cheia de ansiedade, perturbações, emoções negativas. Nós queremos o pão para os próximos meses, mas isto acontece por não confiamos nem dependemos verdadeiramente de Deus. 
Deus quer que descansemos Nele e dependamos Dele pedindo-Lhe o “pão” diariamente.

  •  A nossa oração deve ser feita de coração limpo (Mt 6.12)
Jesus ensinou que devemos pedir perdão pelos nossos pecados e perdoar os outros. 
Nós deixamos de estar em comunhão com Deus quando estamos em pecado. E quando não perdoamos os outros ficamos amargurados e até com maus instintos. Por isso, devemos pedir perdão a Deus e a quem estamos em falta, pedindo a Deus que nos livre do mal. 
Assim, de coração limpo, a nossa comunhão com Deus fica restabelecida e podemos entender melhor a Sua vontade para nós.

  • Orar com fé (Mt 21.22)
Esta não é a fé de acreditar que vamos ter tudo aquilo que pedimos, mas a fé em que temos a plena confiança que Deus sabe o que é melhor. 
Com esta fé somos desafiados a descansar em Deus e para isso temos de acreditar que Deus é o mais interessado no nosso bem-estar.
 


Ao contrário do que possamos pensar, a grande bênção da oração não está nas mudanças miraculosas que Deus possa fazer nos nossos problemas, mas nas mudanças que podemos experimentar em nós.
A oração tem como finalidade ficarmos dependentes de Deus, de reconhecermos a nossa limitação e fragilidade, e de compreendermos quem Deus é e qual é a Sua vontade para nós. A oração que agrada a Deus é aquela em que expressarmos a Ele o nosso amor e louvor, confessando os nossos pecados e mostrando-Lhe as nossas preocupações.
 
Com esta perspetiva sobre a oração não nos desiludimos com Deus por não responder positivamente às nossas orações ou tão rápido como gostaríamos. O nosso foco passa a ser a comunhão íntima com Deus de forma a experimentarmos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).