PEÇA DE TEATRO – MEMBROS DO CORPO (DONS)

 

PEÇA DE TEATRO – MEMBROS DO CORPO 

(DONS)

 

Cenário: Nove cadeiras formando um semicírculo de frente para a congregação. Cada um leva uma t-shirt com o desenho em cor viva do seu membro do corpo humano colado.

 

Nariz - Bem, vamos começar a nossa reunião. Já estão todos presentes? Boca, confirma as presenças, por favor!

Boca - Ok. Nariz.

Nariz - Sou eu!

Boca - Pé.

Pé - Estou aqui!

Boca - Tronco.

Tronco - Eu!

Boca - Olho.

Olho - Sim!

Boca - Pescoço.

Pescoço - Sim!

Boca - Mão.

Mão - Aqui!

Boca - Braço.

Braço - Aqui!

Boca - E… Orelha.

Orelha - Presente!

Nariz - Bem, queria dizer-vos que estou contente por estarem todos aqui presentes nesta reunião.

Tronco - Sim, ok… mas, deixa-te dessas coisas e vai logo ao que interessa porque estou com pressa.

Nariz - Está bem. Eu achei que nos devíamos reunir aqui hoje, porque… estamos com um problemazinho. Quer dizer, não é bem um problemazinho… é mesmo um grande problema.

Todos - Um problema?

Braço - Que tipo de problema?

Nariz - Para dizer a verdade são vários problemas, mas o mais grave é que a perna está muito doente e não sei se vai resistir.

Boca - Sério? Então?

Pescoço - Eu avisei…

Nariz - O que se passa é que a perna começou por deixar de se envolver com a igreja, com a desculpa que não tinha tempo para nada e acabou mesmo por deixar o seu cargo. Foi-se afastando cada vez mais, deixando-se influenciar pelas coisas do mundo o que a levou ao estado em que está hoje… A perna está a morrer!

Todos - Ahhhh.

Mão - Mas isso é gravíssimo. Isso vai influenciar negativamente todo o corpo.

Pescoço - Eu tinha avisado

Nariz - Bem, tu também não podes falar muito. Na verdade, estás sempre presente e, isso é bom, mas não fazes nada, ficas aí parada como se não fizesses parte do corpo. O que é que vão pensar de nós?

Tronco - Vão pensar que somos deficientes.

Olho - E é o que somos. Pelo que vejo, vocês estão todos muito mal. Não percebo Mão, desde que me conheço que não te vejo trabalhar. Realmente não sei o que estás aqui a fazer.

Mão - É que eu sinto que não tenho capacidades, sinto que não sei fazer nada. Por isso, limito-me a estar aqui com vocês e tento não atrapalhar.

Orelha - Coitadinha… (diz com pena)

Boca - Coitadinha nada, tu dizes isso porque às vezes dá-te para amuar e também não fazes nada.

Orelha - Olha, se às vezes não faço nada é porque não me dão ouvidos. E tu estás para aí a falar, mas só sabes dizer mal da vida dos outros.

Olho - Sim, sim, eu bem vejo!

Boca - Eu? Eu estou sempre calada, nesta reunião quase que não falei. Falar mal era se eu dissesse que o Pé anda sempre coxo.

Pé - Estás a dizer mal de mim?

Boca - Por acaso até estou. Se queres saber, tenho reparado que tropeças demais. Tem mas é cuidado para ver se não cais de vez.

Pé - Olha, se cair é porque também não vejo grande exemplo do nosso líder. Sim, com aquele nariz sempre empinado.

Braço - É verdade, já o olho é a mesma coisa, deve pensar que trabalhar, é só ver o que os outros fazem. Não percebes que, para os outros aprenderem também tens de fazer? Não eu, claro, mas alguns bem precisavam de bons exemplos.

Nariz - Eu não queria causar esta confusão e quero pedir desculpa se ofendi alguém com a minha maneira de ser, mas, pelo menos, com esta confusão acabámos por perceber vários problemas que o nosso corpo tem, e esse era o objetivo da reunião. Mas, agora preciso da vossa ajuda para solucionarmos estes problemas.

Ouvido - Mão, eu queria que soubesses que és importante para nós e que sem ti, não podemos funcionar como deve ser.

Mão - Posso só dizer uma coisa?

Todos - Sim!

Mão - Primeiro queria agradecer-vos. Mas, preciso de pedir-vos uma coisa.

Boca - Diz…

Mão - Eu vou precisar da vossa ajuda para ser um membro ativo e fiel deste corpo.

Nariz - É claro que te vamos ajudar, para que todos juntos possamos ser um corpo forte e saudável.

Ouvido - Eu também quero dizer que não vou deixar mais as minhas tarefas e vou controlar melhor o meu feitio.

Boca - E eu quero pedir desculpas pela minha má língua. Prometo que me vou esforçar para não dizer nada que possa envergonhar o nosso corpo.

Olho - Já agora, quero aproveitar este momento para reconhecer perante todos que tenho feito muito pouco pelo nosso corpo. Por isso, quero que saibam que vou deixar de olhar tanto para o que os outros fazem e passar a preocupar-me mais com aquilo que eu ando a fazer.

Nariz - Pé, também te queremos ajudar, porque sabemos que andas um pouco desviado e isso não é bom para ti nem para nós.

Pé - Sim, eu sei! A partir de agora vou-me esforçar por andar no caminho certo.

Nariz - Fico feliz por ouvir isso e por ver que esta reunião foi muito positiva para o bom funcionamento de todo o corpo. Não nos podemos esquecer que quem comanda este corpo é a cabeça e por isso não a podemos envergonhar. Por isso, temos e ser membros presentes e ativos, trabalhando todos para o mesmo fim.

Olho - E quanto à Perna?

Nariz - Eu propunha que fossemos todos juntos visitá-la e mostrar-lhe como ela é importante para nós e que estamos dispostos a ajudá-la no for preciso.

Pé - Então, não vamos perder tempo. Vamos já ter com ela.

Todos - Vamos!

 (Saem todos de cena)

 


Texto (Peças Rápidas & Quebra-Gelos) adaptado por Débora Pimentel